Metafísicas do olho (variações III), de Cesar Kiraly (e-book encartado no n. 7 da Revista 7faces)


Gênero
ensaio

Capa
Emilio Scanavino

Páginas
68

Sobre o e-book
Estando no lugar da filosofia, que aqui prefiro dizer pensamento como já disse antes, Kiraly constrói uma paralaxe – no sentido proposto por pensadores contemporâneos como Slavoj Žižek (A visão em paralaxe) – em que se agrupam as várias dimensões ou ângulos de visão: entre eles, a política, a artística, a filosófica, a simbólica, a estética, todas, como maneiras de se chegar a um conjunto de dizeres ou uma conformação das potências do olho e do gesto da visão. O que quero dizer é que a construção do pensamento do ensaísta obedece ao longo de seu desenvolvimento, como notará o leitor, a uma mudança de posição proposital como se olhasse plano a plano o mesmo objeto e pudesse extrair dele, na diversidade dos ângulos gestados, uma visão mais global sobre aquilo que se propõe falar.

A reflexão dá ao tema tratado uma teia de sentidos a fim de dar ao leitor uma leitura mais encorpada sobre os termos discutidos. Temos a sensação de está olhando um olhar sobre o olhar. Este texto de Kiraly é ele também um fenômeno óptico; o seu método deixa-se influenciar pelo objeto, mas não chega a ser tragado por ele, chega isto sim a se constituir numa ousada aventura. Se a princípio, o pensador para para pensar sobre o que constitui a unidade do gesto da visão, por outro ele compreende que essa unidade é dispersa e que ele só pode alcançar é seu espectro – combinado aqui na tentativa de unir a força do pensamento, o sentido mais puro do que está sendo pensado com a representação linguística. O que se reivindica aqui é a necessidade de se falar numa instituição do olho, compreendendo que através dela se possa descobrir outras vias mais significativas de elaboração do pensamento sem se valer da necessidade da repetição.